sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Homem

Cá estou pensando agora
Num que gora e caga
Descoberto por um teto
Que por ora nem outrora paga

Acocorado, pois,
Se o fluxo é bruto
Abrupto a perna se molha
Ou mais abaixo
Os calcanhos, os lânguidos lanhos
Apavoram

Enfezada tez
Atesta a testa
Qual a disposição,
E por esta palavra perdão,
Do espírito que, ao lado,
Não com enfado
Disto se enamora
Nostálgico embora
Da pátria, ri.

Enfiam-se os dedos
Sem rubores, sem segredos
No cu que não dobra
Nem quando finda manobra.

A obra sem o artista
Do casal outrem dista
Só lhes fere o fedor
Estupor aos olhos e olfato
E o rapaz preocupado
Com o translado dos pares
Dá-lhes a média
Homem, de curta rédea, careta:
Lamenta a merda na sarjeta.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Velho

Me dobrem de dor
O corpo
Amassem.

Não passa
De cicatriz
Que na pele
Crassa
Breve
Logo
Dissolve

Quando ossos
Roçarem-se
Sem a liga
Antes lá
Dos músculos
Muxoxo o opúsculo
Frouxo
Que fui.

Tempo virá
Em que sendo
Nada serei
Senão
Algo
Sido
Alguém.

Administrado.

Quando velho for
O nojo
Quase inofensivo que
Hoje
Sinto por mim
Será o quê?

sábado, 1 de setembro de 2012

Poema de Amor V

Pegue em mim eis me cá
deixe de lá de
me largue de mim.

E milagre
de me dê amor sem desar –
de por à prova de peso
ir ou não ir se sim ou não anuir:
deixe de lá, de lado, deitado a nada,
bem o diga o dito
nada é feito conquanto sido –

e lido o livro, a lida letra,
munido tino de caneta,
sei nunca onde estive, nem me como mantive,
ao cabo do baço braço um curto pão de longo prazo,
curvo ao sol pleno dia, ombro em pelo, leve oclusa lua vira,
vi-a mas não me via,

porque não me conta,
a isto é que monta?